terça-feira, 2 de junho de 2015

Preços dos Serviços da Natureza: preço, valor ou ilusão? (Parte II)


Jackson Lima


Esta é a uma continuação do que postei antes sobre o preço das coisas para a natureza. Preço, valor ou ilusão. A França, me deu uma boa notícia. No dia 21, de maio a França aprovou a Lei Contra o Desperdício (Gaspillage) Alimentar dirigida aos supermercados. Os estabelecimentos deverão doar comida a entidades sociais. Estão proibidos de jogar produtos (como água sanitária) para que se tornem inutilizáveis. Segundo números publicados pelo jornal La Nouvelle Republique, os franceses jogam no lixo 38 quilos de alimento em condições de ser comido a cada segundo. Cada pessoa joga 260 quilos de comida / ano. Mesmo antes de chegar ao consumidor, 150 quilos de alimento é jogado fora; 21% dos alimentos comprados são jogados fora dos quais 31% antes de ser desempacotado.  A farra custa 430 euros por pessoa por ano.  

Um relatório da UNEP e World Resources Institute (WRI) mostra que cerca de um terço de todo o alimento produzido no mundo é perdido a um custo de US 1 trilhão por ano. Quando esses números são traduzidos em calorias, podemos dizer que uma em quatro calorias produzidas não será consumida. 

Mais de 1 bilhão de pessoas passam fome em um mundo que manda 1,3 bilhões de toneladas de alimento para o lixo. Os países ricos jogam fora 222 milhões de toneladas de alimento. O Brasil já é um desperdiçador. Está entre os 10 maiores desperdiçadores de comida do mundo. Segundo a FAO cerca de 30% da produção brasileira é praticamente jogada fora na fase pós-colheita no caso dos frutos e 35% no caso das hortaliças. O preço em dólar ou euro ou reais do alimento vai além do que é gasto para a produção. Envolve o trabalho e a energia da natureza. Tome por exemplo a relação do uso da água para produzir um quilo de alimento – de todos os tipos de alimento. Segundo a ONU, a irrigação utiliza aproximadamente 70% de toda a água existente no mundo. Este índice é maior no Brasil – 72%. Os números da água fica assim: 70% da água doce é usada na irrigação; 22% na indústria e 8% no uso doméstico.   

Para produzir um quilo de arroz se necessita entre mil e três mil litros de água. Um arroz que se vendido a R$ 10 o saco de cinco quilos você vai achar caro. Quanto custou esses cinco quilos de arroz em termos de água segundo o que a Sanepar - empresa mista responsável pela água no Paraná - cobra dos consumidores domésticos? A agricultura irrigada contribui para a produção de 40% dos produtos agrícolas o restante vindo dos sistemas naturais alimentados pela chuva. Basta ver como se produz arroz em bacias de rios como o Miranda. Água do rio é bombeada para área de produção com o tempo o rio desenvolve extensas áreas assoreadas. Os rios do Pantanal estão ficando assoreados também por causa de usos agrícolas das terras no cerrado cujos rios virão para a Bacia do Rio Paraguai.  

São necessários 13 litros de água para produzir um tomate, 25 litros de água para prpduzir uma batata, 35 litros para produzir um xícara de chá, 70 litros de água para produzir uma maçã, 75 litrsos para produzir um copo de cerveja, 10 litros de água para produzir um copo de vinho, 140 litros de água para produzir um copo de café, 170 litros para produzir um copo de suco de laranja, 184 litros de água para produzir um saco de batata frita (crisp), 200 litros de leite estão por trás de copo de leite, 2,400 litros de água para produzir um hambúrger, 16 mil litros de água para produzir um quilo de carne.    


Há quem discorde no caso da pecuária no Brasil na questão da água necessária para produzir um quilo de carne pois no Brasil os boias são criados livres, bebem água no rio por sua vez alimentada pelas chuvas. Os números pensam mais na pecuária de gado em confinamento onde a água não é só para beber e serve também para a limpeza e higienização do espaço. O desperdício de água existe também em outras áreas.

Dois milhões de toneladas de dejetos humanos são jogados em cursos de água do mundo; 70% do dejeto industrial de países em desenvolvimento são jogados em cursos de água que poluem as fontes de água para consumo humano; desde 1900 mais da metade das terras úmidas do mundo (pântanos e banhados) foram destruídas; entre 1991 e 2000 mais de 665 mil pessoas morreram em 2.557 desastres naturais dos 90% são oficialmente considerados eventos relacionados com a água.  Todos os números são do IFAD / Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura - uma organização especializada das Nações Unidas.   Veja este filme sobre desperdício do alimento feito para a EXPO de Milão.





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