Reportagem sobre o evento na Gazeta de 1 de outubro |
Setembro fechou com uma boa exposição da cultura religiosa afro-brasileira
em praça pública. E não foi em qualquer praça. Foi na Praça da Paz – uma praça de
localização estratégica em Foz do Iguaçu – terra que tem poucas praças. A
ocasião foi especial. Lideranças de pelo menos 12 centros de candomblé e umbanda aprovaram a
criação de uma comissão para organização de eventos que mostrem ao mundo que as
religiões e cultura afro-brasileira estão presentes em todo o Brasil, nos
países vizinhos e, não podia ser de outra maneira, em Foz do Iguaçu.
Sob a sombra da figueira centenária |
O primeiro evento realizado graças à criação da Comissão
(ainda não tenho o nome completo da comissão) foi no sábado, à tarde, dia 29,
na Praça para escutar atabaque, cantar, dançar e arrecadar doces, balas, refrigerante,
pipocas entre muitos outros presentes. Grupos de pessoas atravessando as duas
pistas principais da Avenida JK foi uma
visão comum. Vestidos de roupas típicas de umbanda e candomblé, expondo suas
contas e turbantes, homens, mulheres, crianças carregavam sacolas, trouxas,
balaios cheios de presentes que estavam sendo arrecadados. Para quê? Para quem?
Para serem levados a dois pontos no Norte de Foz do Iguaçu, no Condomínio Santa
Rita e na Lagoa Dourada, na grande Três Lagoas. O motivo o Dia de São Cosme e
Damião, celebrado dois dias antes no dia 27.
Gente atravessando a JK com doações: uma visão comum no dia |
Ninguém planejou nada do que vou contar. O encontro ocorreu
na parte de baixo da Praça ao lado e debaixo de uma centenária Figueira localizada
na Praça. A Figueira sobreviveu por pouco de ter sido eliminada para que a
praça fosse revitalizada. O bom povo de Foz protestou e a árvores foi poupada.
E lá estava ela mantendo em alta sua posição especial entre as árvores para
todas as culturas do mundo. Afinal foi debaixo de uma figueira que Buda se
iluminou. Jesus também citou a figueira e a árvore é importante também para as religiões afro-brasileiras. A árvore é importante também para os historiadores
inclusive os ateus. É a árvores que não precisa de solo para crescer. Quem
visita ruínas como a de San Ignacio Miní ver como as figueiras cresceram e
tomaram conta de edifícios e cidades antigas. Salve a figueira!
Organizando a entrega dos doces |
Falamos sobre a criação da Comissão que foi uma boa iniciativa.
Faltou falar da Secretaria Municipal de Direitos Humanos que teve a ideia de
destacar uma equipe para visitar os terreiros e abrir os braços para que a
população afro-brasileira, não necessariamente descendentes de africanos ou negros,
saiam dos esconderijos e virem à luz do
dia onde o Sol brilha para todos. Como brasileiro universalista de descendência
afro-brasileira (mas não só), sinto muito orgulho de ver que no Sul do Brasil
muita gente das religiões afro-brasileiras são brancos, pais de santos descendentes
de italianos, de alemães, de russos, de ucranianos seguem a religião, tocam
atabaque, cantam em iorubá. Maravilha esse é o Brasil que eu quero. Muito
orgulho disso!
Doações foram coletadas entre as 14h e 16h |
Conversei com gente
que era evangélica antes de vir para a umbanda. Esse é mais um detalhe do Brasil que eu quero. As religiões
estão aí para quem quiser mudar: umbandista para evangélico, evangélico para umbandista,
cristão para muçulmano, muçulmano para budista. Maravilha! O que não pode
acontecer é uma pessoa mudar de religião e perseguir quem ficou. Ou perseguir
religiosos de uma religião que não a sua, como Paulo o apóstolo fazia, ou como
Lutero fez quando os judeus não se converteram para a sua forma de cristianismo.
Mito cuidado a todos nessa hora de
Brasil dividido – religião não deveria entrar nessa!
Colorido da festa dedicada às crianças |
O presidente da Comissão, Pai Marcos de Ogum, anunciou que
em novembro, haverá um evento afro-brasileiro na Praça da Paz todos os domingos
e que no ano que vem será divulgado um calendário de eventos religiosos e
culturais afro-brasileiros que cobrirá todo o município. Muito bom.
Matéria completa sobre a festa |
Aviso e Posicionamento
Os Blogs e artigos de Jackson Lima têm como missão divulgar fatos e trazer informações sobre todas as etnias de Foz do Iguaçu e Três Fronteiras, suas manifestações religiosas e culturais como forma de desestimular o racismo, preconceitos que levam à discriminação, intolerância de qualquer tipo, nacionalismo doentio, xenofobia, injustiças, neocolonialismo e ignorância no sentido de não saber, desconhecer"
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