terça-feira, 8 de setembro de 2020

É proibido jogar moedas nas Cataratas, diz nova placa na entrada da passarela do Salto Floriano

Jogar moedas, aqui não!

Uma das novidades do Parque Nacional do Iguaçu em Foz do Iguaçu  e mais especificamente nas Cataratas do Iguaçu é a placa que avisa: Proibido jogar moedas  nas Cataratas do Iguaçu. A mensagem prossegue com uma dica para incentivar o "semancol" dos visitantes: realize seus desejos sem agredir a natureza. A mensagem é repetida em inglês e espanhol. O problema das moedas jogadas nas Cataratas do Iguaçu é conhecido. As pessoas jogam moedas acompanhadas de algum pedido importante. A prática é conhecida em todo o mundo. A Fonte de Trevi em Roma parece ter sido o berço desse costume popularizado pelo cinema. O filme "A Fonte dos Desejos" (Three Coins in the Fountain)  de 1954 (EUA) foi a inspiração mas depois vieram mais. 

Moedas jogadas nas Cataratas vistas durante a seca

Segundo informação da Wikipedia (a enciclopédia que até hoje, 8 de setembro, tem 6.154.935 artigos em inglês)*, os turistas  jogam cerca de 3 mil euros por dia na "Fontana di Trevi". As autoridades italianas fizeram um mutirão de recuperação de moedas  que resultou na arrecadação (resgate) de € 1.5 milhão em 2015. A água que cai naturalmente mais as moedas causam danos à obra centenária. Por isso a necessidade de resgatar as moedas. A missão não é fácil porque dá o que falar.  O jornal El País perguntou em uma reportagem: "A quem pertence os 1.5 milhão euros tirados da Fonte?". Pergunta interessante. Roma não sabia para onde destinar o dinheiro. No final, parece, foi para a Caritas. Em 2002, a Polícia de Roma, segundo a BBC prendeu uma "equipe"  que entrava na fonte e resgatava moedas. Ao ser preso após denúncia, um dos flagrados portava cerca de 250 euros em moeda. O chefe de Polícia Massimo Improta disse sobre o crime: "É como se alguém entrasse numa igreja e assaltasse a caixa de oferendas".    

Os visitantes das Cataratas com as melhores das intenções também jogam suas moedas para garantir que um dia voltem à Terra das Cataratas de preferência com a pessoa amada. E as moedas de tempos em tempos são resgatadas, caso contrário haverá uma sedimentação de moedas de material que prejudica a natureza, fato, destacado pela placa colocada ali. O que acontece em Roma, acontece nas Cataratas. As moedas retiradas em operações que inclui bombeiros e voluntários rendem alguns reais após contadas e contabilizadas que segundo anúncio das autoridades são repassadas a alguma entidade. Igual ao que acontece em Roma, de novo, passa pela cabeça de muita gente, talvez de todos, a ideia de quão interessante seria recolher aquelas moedas. Não faz muito tempo, uma galera de jovens iguaçuenses fez isso. Desceu da passarela para o leito e foi fotografada passando a mão nas moedas.        


Cadeadinho já estilizado para o amor
 

E os cadeados do amor?

As autoridades do Parque Nacional do Iguaçu estão de olho em outras tendências que ainda são novidades nas Cataratas e no Brasil mas já estão chegando. São os cadeados do amor. Desta vez os atores e atrizes são os casais de namorados. Em visitas anteriores do  Blog de Foz, foi possível ver uns seis ou sete cadeados presos à grade de proteção na passarela do salto Floriano, na segunda "meseta" das Cataratas que corre em direção ao Cânion e permite uma visão espetacular da Garganta do Diabo ao fundo e de inúmeras outras quedas para todos os lados. Esses cinco ou seis cadeados foram removidos. Logo depois apareceram dois novos cadeados (imagem acima e abaixo). É bom ter cuidado porque se a moda pega ela cresce de maneira similar a um vírus. Parece que este costume começou na Sérvia logo após a Primeira Guerra Mundial. Foi na cidade de Vrnjačka Banja onde uma jovem teve a morte apressada depois de perder o grande amor que foi para a guerra na Grécia e lá se envolveu com uma moça grega. A história da moça levou à pratica de amarrar os amores à ponte que ganhou o nome de Most Ljubavi (Ponte do Amor). 

       

Mais um cadeado: não deixe a moda pegar

Roma tem também sua ponte onde os amantes prendem seus amores. Se chama Ponte Milvio, uma ponte histórica que serviu de palco para grandes eventos da humanidade. Foi sobre a Ponte Milvio que Constantino, O Grande** travou a batalha decisiva para sua carreira. Foi sobre a Ponte Milvio que a cruz foi usada pela primeira vez como um símbolo cristão. Dias antes Constantino tivera um sonho em que viu uma cruz acompanhada das palavras "In Hoc Signo, Vinces" ou "Com este Signo Vencerás" (Imagem ao lado do estandarte de Constantino). A vitória veio e em agradecimento, um ano depois, Constantino assina um édito (decreto) que reconhece os cristãos, põe fim à perseguição e ainda faz do cristianismo a religião oficial do Império (Isso foi bom ou ruim?).  Mas voltando aos fiscais da Prefeitura de Roma, a nova guerra era contra os cadeados; várias dezenas de milhares com um peso que ameaçava a estrutura da ponte. Há "points" de cadeados  do amor nos Estados Unidos, França, Alemanha, Eslovênia, Rússia, Coreia e até na China. A moda está crescendo.       

Ponte Milvio e seus cadeados (foram removidos)

Essa ponte sobre o rio Tiber foi cena de muitas batalhas. Até Garibaldi aquele personagem histórico que promoveu a unificação da Itália, brigou no Rio Grande do Sul contra o Império Brasileiro, casou com a linda Anita Garibaldi e ainda aparece na história de Nova York com direito a estátua em Manhattan, destruiu, com sua tropa, parte da Ponte Mílvio para evitar uma invasão francesa logo após a unificação da Itália. Faz tempo que não há guerra na charmosa e famosa ponte. A última batalha registrada na Ponte está em andamento. Em 2007 após a estreia do filme "Ho voglia di te", multidões de namorados têm se dirigido à ponte onde colocam um cadeado como símbolo de amor eterno. A guerra atual é entre os amantes que insistem em prender seus amores à estrutura e as autoridades que tiram os cadeados para evitar prejuízos à essa mesma estrutura.  

Nota

Já existe pessoas ou casais e até grupo de casais que viajam juntos sempre com a intenção de renovar votos de amor em lugares que já são chamados de "Lovelock ou Padlock Destinations" ou Destinos Cadeados. Confira esta nota do site EaseMyTrip sobre os 10 mais famosos destinos. O site da Operadora Contiki publicou um material sobre os prejuízos e a dor de cabeça para os administradores causados pela prática: "A não tão romântica verdade por trás dos Cadeados do Amor e suas Pontes". A prática do cadeado não vem só. Após colocar o cadeado, jogar a chave nos rios é parte do ritual. A ideia é que jogando a chave no rio, nem o "capeta" vai achar para abrir o cadeado e libertar o amor. Neste ponto, a chave de cadeado se junta ao problema das moedas. A indústria que não é boba, já tem fabricantes específicos para suprir os apaixonados. Os cadeados podem ser comprados pela Amazon, Alibaba e outras. Não deixe que o Destino Iguaçu se transforme em um Padlock ou Lovelock Destination, ou ainda, Destino Cadeado do Amor. 💔        


* Logo divulgaremos link para um artigo sobre a Wikipedia e a cidade que dedicou um monumento a ela

** Aguarde link para um material com roteiro para visitação sobre o Imperador Constantino - O Grande, da cidade de Niš onde nasceu na Sérvia até Constantinopla (Istambul) na Turquia, onde morreu.   


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