segunda-feira, 3 de setembro de 2018

É época de ninhos das caturritas em Foz do Iguaçu



"Myiopsitta monachus
 "famosas por construírem ninhos de graveto bastante grandes como esse", Marina do Parque das Aves
Um close no ninho e com um pouco de sorte uma caturrita em voo
O Parque das Aves tem um projeto de um dia reintroduzir a arara vermelha no Parque Nacional. E se elas voltarem a voar no Parque Nacional do Brasil sem dúvida voará no Parque Nacional Iguazú argentino e sobre Foz do Iguaçu e cidades vizinhas do Oeste do Paraná. Mas se pudermos ver o
que acontece com outros psitacídeos na região poderemos ficar animados.
Em Foz do Iguaçu há um grupo de papagaios que já voam livres sobre a
cidade e mantêm um dormitório próximo ao Gramadão - um espaço de lazer e eventos construido pela Itaipu Binacional. Eles, um grupo de pelo menos oito, atravessam a cidade todas amanhã e finalzinho da  tarde.  Eles voam em direçã
o a quê?



Os frutos da bocaiúva

Quando passam por cima de minha casa, já estão na metade do caminho entre a Vila A e a região de chácaras e sítios próximo ao Parque Nacional do Iguaçu. Porém, eu tinha a suspeita de estar vendo mais duas espécies de psitacídeos - como são chamados os louros, papagaios, periquitos e família. Eu sempre os vejo passarem sobre a minha casa e na área onde moro mas quando passam, é sagrado, não estou com a máquina. 


Uma vez os vi pousados sobre uma plantação de milho - dessas que algum vizinho faz para não esquecer da época da roça. Estavam a poucos metros de mim mas a máquina tinha ficado em casa. Recentemente, eu vi um alarido de periquitos e avistei uma palmeira  bocajá em uma rua próximo à academia ao ar livre que frequento. Fui até a palmeira, fiquei de baixo dela, ouvia o barulho mas não via nada. Havia na palmeira muitos pardais e pombos nativos. Apontei a máquina para os pardais quando, de repente, notei que havia uma espécie de buraco na superfície da palmeira e desconfiei de que havia alguma coisa olhando na minha direção. Era o periquito. Não demorou e começaram a voar. 


Uns chegavam ao ninho carregando gravetos para manutenção do ninho. Daí comecei a fotografar. Não eram grandes fotos porque a lente não passava de uma 135 mm e não dá para fazer milagres exceto se meu nome fosse Áurea Cunha, Roger Mereiles, Marcos Labanca ou Christian Rizzi. Enviei algumas fotos que obtive para a bióloga Marina Somenzari do Parque das Aves. "São as caturritas (Myiopsitta monachus),  famosas por construírem ninhos de graveto bastante grandes como esse e que muitas vezes são até habitados por mais de uma espécie ao mesmo tempo. Talvez seja isso que você está vendo acontecer", escreveu Marina em um e-mail de volta. 


Fiquei contente com a resposta e continuei peregrinando até a palmeira várias vezes por semana. Descobri que há pombas com ninhos na mesma árvore. Aproveito para dizer que a palmeira bocajá (mbocayá em guarani) é conhecida também como bocaiúva e já foi muito plantada em Foz do Iguaçu. Se quisermos ver araras vermelhas de volta, é melhor que a gente comece a plantar bocajá de novo. Ainda há muitos bocajás na cidade porém há espaço para mais. 


Nota:

Não revelo o endereço da palmeira para proteção das caturritas. Elas estão no bairro Morumbi, em rua residencial, são bem tratadas pelos moradores. Mando um elogio especial para a família dona da casa onde está a palmeira. Parabéns! É uma atitude exemplar. Na mesma quadra, uma senhora me abordou para denunciar ou reclamar de uma jabuticabeira, plantada em uma casa, para onde vão de noite centenas de morcegos. "Isso é um perigo", dizia a senhora. "Não precisa ter medo", disse eu. Se eles vem para comer jabuticaba, eles são morcegos frutíferos, comem frutas e não chupam sangue. "Mas mesmo assim dá medo", insistiu a senhora.  

   

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