sábado, 18 de outubro de 2025

UNILA promove seminário com debates sobre o Caminho do Peabiru

Foto ilustrativa de material do site Top Trip Adventure

Evento vai reunir pesquisadores, representantes de povos indígenas, quilombolas e movimentos sociais

O seminário “O Caminho Sagrado do Peabiru – do Atlântico ao Pacífico e as Integrações Contemporâneas da América Latina” reunirá pesquisadores, especialistas no tema e representantes de povos indígenas, de comunidades quilombolas e de movimentos sociais de matriz camponesa entre os dias 22 e 24 de outubro, no Campus Integração da UNILA. O evento é aberto ao público.

O caminho do Peabiru é o mais significativo – e do qual há mais referências consolidadas – entre os muitos usados pelas civilizações que habitavam a América Latina anteriormente à chegada dos europeus. Essas redes de integração possibilitavam o intercâmbio de experiências, além de trocas comerciais, culturais e espirituais.

O seminário busca conciliar saberes ancestrais e reflexões críticas sobre o desenvolvimento predatório, inspirando novas formas de cooperação regional sustentável que incorporem a memória e a experiência dos povos tradicionais. Entre os resultados esperados estão o aprofundamento do debate sobre integração latino-americana, com a produção de publicações e propostas de políticas públicas que valorizem rotas ancestrais como patrimônios vivos.

A programação contará com palestras, oficinas, trilhas e apresentações culturais. O evento será transmitido pelo canal do ILAESP-UNILA no YouTube. O evento é uma realização da UNILA, da Associação de Pós-Graduandos da UNILA (APG Arandu) e do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com parceria do Parque Nacional do Iguaçu, ICMBio e Conselho Municipal de Turismo (Comtur).

Serviço:

Seminário “O caminho sagrado do Peabiru”

Data: de 22 a 24 de outubro

Local: Auditório Lélia Gonzalez, Campus Integração – Avenida Tancredo Neves, 3147 – Porto Belo, Foz do Iguaçu 

Da Assessoria

 


 

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Sobre a Canhoneira Greenhalgh e a Pedra Escrita de Foz do Iguaçu

 

Meio-modelo das Canhoneiras Greenhalgh e Henrique Martins 



Primeira parte: Refrescando a memória

A divulgação da "Pedra Escrita" do rio Iguaçu em 2024 rendeu várias notas em sites regionais e em televisão, o caso do G1 / RPC. A divulgação envolveu pesquisadores da UNILA e participação do ICMBio / Parque Nacional do Iguaçu. Na época foi demostrado interesse do ICMBio de transportar a pedra para a área do PNI onde seria exposta. 

A Itaipu Binacional teria sido consultada sobre a possibiiade de ajudar na remoção da pedra do lugar atual para dentro do Parqe Nacional do Iguaçu. Não é necessário dizer que o assunto, embora não muito discutido, levantou opiniões diferentes quanto à sua remoção do lugar.  Deixá-la no lugar parece ter sido a decisão.   

Segunda Parte: O status quo

A pedra ficou no local. Parece ter disparado algum sinal de que a pedra merece atenção e o envolvimento da alta esfera do IPHAN e daquilo que se chama "altas partes" do Patrimônio Trinacional. O motivo é que a inscrição na pedra foi feita por um tripulante da Canhoneira Greenhalgh da Marinha Imperial em setembro de 1869, na fase final, isto é seis meses antes do final da Guerra da Tríplice Aliança.

Como tipicamente acontece por aqui, quando a coisa fica difícil entra em cena o silêncio. Mas vamos quebrar tal silencio.

Canhoneira Henrique Martins da mesma classe que a Greenhalgh

Terceira Parte: Harto Viteck 

O historiador e Cidadão Honorário de Marechal Cândido Rondon, onde coordena o invejável projeto batizado como Memória Rondonense, Harto Viteck, ao acompanhar as noticias da "Pedra Escrita" entrou em contato com a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM). Em sua correspondência com a Diretoria do Patrimônio, Harto Viteck escreveu, em parte: 

            Consulto essa Diretoria em função de uma pesquisa que estou                realizando e conduzindo sobre a canhoneira "Greenhalgh e sua                eventual presença em águas do Rio Paraná na banda ocidental                brasileira, ou seja à jusante das extintas Sete Quedas até a                    desembocadura do Rio Iguaçu.

            O que estou à procura: 

            1. o diário de bordo da canhoneira "Greenhalhg" durante a                    Guerra da Tríplice Aliança.

            2. uma foto ou imagem da referida canhoneira.

A Encarregada da Seção de Documentos Iconográficos e Audiovisuais, a bibliotecária Marcia Prestes, enviou uma resposta acompanhada de três imagens. 
A bibliotecária respondeu que não possuia imagem da canhoneira Greenhalgh em si. Que possuia a imagem de um meio-modelo da Canhoneira Henrique Martins., do mesmo tipo que a Canhoneira Greenhalgh. E anexou a imagem de uma aquarela feita pelo almirante Trajano Augusto de Carvalho que mostra a Canhoneira Henrique Martins, do mesmo tipo que a Canhoneira Greenhalgh mencionada na Pedra Escrita.  
Em primeiro plano a canhoneira Henrique Martins com a esquadra no Porto de Montevidéu 

Quarta Parte: Histórico da embarcação    

Abaixo o histórico oficial da Canhoneira Greenhalgh: 

DIRETORIA DO PATRIMÔNIO HISTORICO  E DOCUMETAÇÃO DA MARINHA 
GREENHALGH
Canhoneira

Incorporação: 12 de dezembro de 1865.
Baixa: 1884.

Navio de casco de madeira e propulsão a vapor, com caixa de rodas laterais, construído sob planos do Engenheiro Naval Napoleão Level, nos Estaleiros da Ponta D'Areia, Niterói, Rio de Janeiro, cuja quilha foi batida em 3 de junho de 1861, sendo lançado ao mar em 19 de setembro de 1865. A Mostra de Armamento ocorreu em 12 de dezembro de 1865, de conformidade com o Aviso de sua incorporação, datado de 22 de novembro de 1865.

Primeiro navio da Marinha do Brasil a ostentar o nome Greenhalgh, em homenagem ao Guarda-Marinha João Guilherme Greenhalgh, tombado heroicamente a bordo da Corveta Parnaíba, na Batalha Naval do Riachuelo, em 11 de junho de 1865. 

Possuía as seguintes características: 125 pés de comprimento; 22 pés de boca; 7 pés de pontal; 4,5 pés de calado e 163 toneladas de deslocamento.

Era equipado com máquina a vapor de 40 HP, acionando rodas laterais, projetada pelo Engenheiro Naval Braconnot, velocidade máxima de 9 milhas, artilhado com duas peças longas de calibre 32 e guarnecido por 10 oficiais e 63 praças.

Seu primeiro comandante foi o Primeiro-Tenente Ricardo Greenhalgh, tio do homenageado, tendo zarpado para o Rio da Prata em 25 de janeiro de 1866. Ao chegar ao teatro de operações da Guerra do Paraguai foi incorporado à Segunda Divisão Naval, chefiada por Francisco Cordeiro Torres e Alvim, onde participou de inúmeras missões, dentre elas o bombardeio de Curupaiti.

Em 5 de abril de 1866, subiu o Rio Paraná, até acima de Itati, em tarefa de exploração dos Passos. No dia 6 de abril foi atingido por uma bala, sem grandes danos, num bombardeio contra uma bateria inimiga na ponta nordeste da Ilha de Sant'Ana. No dia 9 de abril, auxiliou a repelir e destroçar uma Força paraguaia que pretendia assaltar a Ilha da Redenção. Em 16 de abril, fazendo parte da Primeira Divisão da Esquadra, esteve postado em frente a Itapiru, para auxiliar a passagem do Exército, bombardeando a posição inimiga.

No dia 17 de abril, debaixo de cerrado fogo inimigo sondou todo o canal entre a Ilha de Sant'Ana e o acampamento paraguaio. Em 18 de maio, explorou o Rio Paraguai até a volta de Palmas. Em 29 de julho, em divisão, chegou ao Passo da Pátria, com o 2° Corpo do Exército Brasileiro.

No dia 4 de setembro, participou dos bombardeios de Curupaiti. A 13 de julho de 1867, escoltou os transportes que levavam tropas de Itati para o Passo da Pátria. Em 1869, auxiliou o bombardeio de uma trincheira paraguaia e o desembarque de tropas brasileiras. *

Em março de 1874, fazia parte da Flotilha do Alto Uruguai, em Itaqui, tendo sido desarmado e condenado no ano de 1884.

Foram seus comandantes, entre outros:
Primeiro-Tenente Ricardo Greenhalgh
Capitão-Tenente Augusto Neto de Mendonça
Primeiro-Tenente Estanislau Prozewodowski
Capitão-Tenente Francisco Antônio Salomé Pereira
Capitão-Tenente Miguel Antônio Pestana.

Quinta parte: * Nota

Dos dados apresentados no histórico da Canhoneira Greenhalgh,acima, chama atenção a última entrada referente a 1869, sobre o bombardeio a uma trincheira paraguaia com desembarque de tropas. Como detacou o historiador e museólogo paraguaio, Nestor David Gamarra, é necessário contextualizar o ano. Ele comentou em publicação minha em setembro do ano passado:

"Es importante contextualizar la fecha y la región con los eventos que se fueron dando en esa época.. Esa zona que actualmente es Alto Paraná, territorialmente correspondía a Curuguaty. En su viaje, López llega a esa localidad en Agosto de 1869 y decreta Curuguaty como la cuarta capital del Paraguay en Septiembre de 1869. Las fuerzas del ejército aliado estaban tras sus pasos.. El jefe de la vanguardia Paraguaya General José Maria Delgado, dispuso dejar en Curuguaty un destacamento de 500 hombres de caballería al mando del mayor Veron. Mientras que el resto de la caravana de López sigue su viaje y se dirige más al norte hasta la cordillera de Amambay. Días después el 28 de Octubre de 1869 los aliados de la triple alianza llegan y atacan él destacamento de Curuguaty. Algunos relatos mencionan que el ejército Brasileño quemó y saqueó toda la Ciudad. Posteriormente meses después López sería muerto el 1 de marzo de 1870. Es lógico pensar que la zona fue militarizada por varios frentes. Tarea pendiente es seguir investigando".

        
Para pensar: 
As palavras do historiador Nestor David Gamarra: É lógico pensar que a região foi militarizada por várias frentes. O dever de casa é continuar pesquisando

A Pedra Escrita, foto de Marcos Labanca,
publicada neste material do H2Foz  



segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Uma cronologia ou linha do tempo pelo olhar do Blog de Foz e Cia


Poster: A Segunda Evangelização das Missões - Paradigma Indiciário*


Aviso!

Não sou historiador. Eu conto "histórias" (estórias / stories) . Vou pegando pedacinhos, juntando, costurando, re-costurando, interpretando, caçando indícios mas nunca inventando. Me inspiro na teoria do Paradigma Indiciário (Micro-história).

Acabo de publicar o vídeo acima. O vídeo descreve brevemente um poster chamado A Segunda Evangelização das Missões.

Adianto que a Primeira Evangelização foi jesuíta e começou em 1609 por San Ignacio Guazu, Paraguai. Durou até 1767. A Segunda começou em 1898, desta vez pelos padres da Congregação do Verbo Divino.

A Província de Misones que está hoje ao nosso lado na Argentina ou a Misiones no Paraguai não são nada em tamanho quando comparada com a Província Laica das Missões Guaranis nos 30 Povos, criadas depois de 1767.

O poster começa com a expulsão dos Jesuítas. A última data é a criação da Paróquia São João Batista de Foz do Iguaçu, que completou 100 anos no ano passado (2024).

Carlo Ginzburg

* Paradigma Indiciário, o que é?

O paradigma indiciário ou micro-história "...é uma abordagem que se concentra em eventos, personagens ou comunidades específicas, buscando, a partir de pequenos recortes, entender dinâmicas mais amplas. Seu diferencial está no uso detalhado das fontes e na valorização das experiências individuais dentro de um contexto histórico maior. Entre os principais nomes da Micro-História, destacam-se Carlo Ginzburg, Giovanni Levi e Edoardo Grendi" (LAHES/ UFJF). 

O paradigma indiciário é uma abordagem que "dá zoom" (zoom in) em um detalhe.  Carlo Ginzburg dá um bom exemplo desta abordagem em seu livro "O Queijo e os Vermes" que conta a história de um moageiro nascido em 1532 condenado pela Inquisição. Com um "zoom" nos documentos do julgamento, ele reconstituiu a vida da sociedade da época medieval. 

O vídeo acima e outros estão no meu Canal no Youtube e são colocados também, no blog Jackson Lima TravelLog for History Buffs, já direcionados ao trabalho de divulgação dos 30 Povos das Missões, das Missões Jesuítas, dos Jesuítas e na busca de indícios da história do Paraná iniciada na Província do Guairá. Destaque para a presença jesuita no que chamamos hoje de Tríplice Fronteira.      

Para pensar

" ... a história é a história dos homens, não dos "grandes", e que quando é possível penetrar na realidade cotidiana, o passado é melhor decifrado, a ponto de captar com um senso de imediatismo seus problemas, suas conexões com o presente, com a história" - Do editor do "Queijo e os vermes" - (Einaudi.it) 



quinta-feira, 18 de setembro de 2025

ABRAJET-PR celebra 41 anos de história e reforça atuação no fortalecimento do turismo paranaense


Associação de Jornalistas de Turismo foi fundada em Curitiba hoje expande sua presença em diferentes regiões do Estado, promovendo experiências, parcerias e integração com o setor

A Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo do Paraná (ABRAJET-PR) completa 41 anos de fundação neste 18 de setembro, data que remete a 1984, quando um grupo de jornalistas visionários se reuniu no restaurante do Hotel Deville Colonial, em Curitiba, para criar uma entidade voltada à valorização da imprensa turística.

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Levei uma igrejinha feita por artesãos no Paraguai para um encontro do SEBRAE

 

A peça artesanal que mostro é uma lembrança  da Igreja de San Cosme e San Damián, parte da Missão Jesuíta fundada em 1632 e em funcionamento até hoje com missas às 9h todos os domingos. A Igreja foi um presente que me trouxe a colega Izabelle Ferrari. Tenho também lembranças de Trinidad e Jesús todas em Itapúa, no Paraguai mas é perigoso andar carregando, pode quebrar 
   
Fui convidado para conversar com um grupo de mulheres empreendedoras na área de artesanato, lembranças e souvenires que atuam no Mercado Barrageiro. 

Quem convidou foi a Maisa Silvestre, gestora de projetos, turismo e inovação no SEBRAE. Ela explicou que o SEBRAE está realizando uma jornada de desenvolvimento de produtos  que se inspirem no contexto sócio, cultural, turístico e histórico da cidade. 

Foi diante desse convite que na tarde da segunda-feira, 1º de setembro, me encontrei com o grupo de senhoras que pertencem a diferentes entidades como a Associação Artesãos Sem Fronteiras (AASF), a COART e a Associação de Clubes de Mães de Foz do Iguaçu. Vi também senhoras de Hernandárias, Paraguai.    

Quando comecei a conversar, pedi uma caneta para escrever no quadro. A Taissa me deu um marcador. Escrevi: 1626. Foi a única informação que escrevi.

No ano que vem, será o aniversário de 400 anos da fundação da Redução Jesuíta ou Missão Jesuíta Santa Maria do Iguaçu. Expliquei: no ano que vem tem aniversário de 400 anos em Foz (Puerto Iguazú, também).  

Em 1626 os jesuítas fundaram 

1) A Missão ou Redução de San José (San Joseph) no rio Tibagi, dentro dos limites de Cambé, no Guairá (hoje) Paraná. 

2) A Missão de Santa Maria do Iguaçu nas Cataratas e a  

3) Missão de San Nicolás ou São Nicolau no  Tape / Tapê (Hoje Rio Grande do Sul  seguida por mais 18 naquela região). Adianto que nenhuma redução desse período sobreviveu. Mesmo assim a data será celebrada. 

Para celebrar os 400 anos da fundação de São Nicolau, o Governo do Rio Grande do Sul está investindo mais de R$ 50 milhões em obras de projetos estruturantes na região conhecida como Sete Povos das Missões. Eu disse no encontro que eram R$ 25 milhões. Errei! É o dobro!

O Paraná teria o direito, se tivesse desejado, de estar fazendo a mesma comemoração e levantando o mesmo dinheiro para investir na memória dos do estado que tiveram um passado jesuíta na época colonial espanhola.

Os 400 anos de Santa Maria e o de São Nicolau são os mesmos 400 anos. Mas no contexo estadual local, os 400 anos da Missão nas Cataratas passaria batido. Mas não está passando batido. Prova disso é o 1626 no quadro flip chart no evento do SEBRAE no Mercado Barrageiro.

Mas tranquilizemo-nos. Não está passando batido. Não passou batido em Foz do Iguaçu. Em junho deste ano, quase paralelo aos esforços do Rio Gande do Sul, Foz do Iguaçu recebeu o coral e orquestra de música barroco-jesuítica-guarani (@soycap.demusica) do Museu de Arte Jesuítico-Guarani de San Ignacio Guazu, Misiones, Paraguai.  

Lembrando que junho é um mês em que eventos explodem em Foz do Iguaçu para todo lado e mesmo assim, os músicos do Museu de Arte Jesuitico-Guarani da cidade onde foi fundada a primeira missão jesuítica vieram prestar homenagem às Cataratas do Iguaçu, à memória da Missão Santa Maria del Iguazu (Iguaçu) e às Cataratas em si que até recentemente eram chamadas de Santa Maria. 

A viagem de ida e volta de cerca de 1000 km do grupo foi como uma viagem no tempo. Não vai passar batido em 2026, tampouco. Torço que a Jornada do Sebrae seja um sucesso como sempre acontece com as iniciativas do Serviço Brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas - SEBRAE. Assim torço também para que os paranaenses dediquem um espaço em seus corações para lembrar, aprender e ter orgulho da historia do Paraná (ex-Guayra ou Guairá e, no caso de Foz, da História local mesmo contada por meios mais alternativos.  

Foto lembrança oficial,autoria Tassia Coppini

 

Uma publicação entre muitas:
Portal Iguaçu: Jovens Músicos da Orquestra Jesuíta emocionam Foz com fé, arte barroca e integração


terça-feira, 26 de agosto de 2025

Pílulas de história: quando Foz teve um Porto Francês no Rio Iguaçu


O nome da foto acima é Plano Gráfico del Gran Salto del Iguazú. Ela foi trazida à minha atenção pelo colega fã de história e cultura, Paulo Rigotti. O  plano gráfico é rico em informações. O ano é 1899. Misiones ainda era Território Federal. Além de mostrar o Gran Salto del Iguazu, o desenho mostra a desembocadura do Rio Iguaçu no Paraná que no mapa é  chamado de Alto Rio Paraná e mostra a Colônia Militar do Iguaçu. Agradeço ao Rigotti por ter trazido a foto à atenção da comunidade. Porém o motivo desta publicação é destacar a "obraje" que aparece no mapa entre a desembocadura (foz) do rio Iguaçu e o rio São João. Note que a distância está fora de proporção. Confira a próxima imagem-detalhe, logo abaixo.


No dia em que comentei sobre a postagem do Rigotti, o amigo Andrés Candia, perguntou se essa obraje teria sido a do temido Julio Allica. Eu não sei. Mas me inclino a pensar que não já que o Allica era o dono do Porto Artaza e região, rio Paraná acima, na região de Porto Mendes. A maioria dos textos sobre Allica diz que ele era hispano-argentino. Eu digo, basco-argentino como muita gente era  naquela época com muita presença em Misiones. 
A família de  Allica pode ter vindo de um de três povoados chamados Artaza em espanhol e Artatza na língua basca (euskera).  Um na província de Álava, outro em Navarra e o terceiro  não lembro onde ouvi falar dele. O maior desses povos não tem 200 habitantes hoje. Merece estudo o Senhor Júlio Tomás Allica e identificação da Artatza que o inspirou a dar nome a sua fazenda à beira do rio Paraná. 
Porto Francês (Histarmar)

De volta à obraje 
Prefiro acreditar que a obraje do mapa pertencia aos irmãos franceses Jules-Joseph e Raymond Robert de Blosset (José y Ramón Robert de Blosset). O nome de família era Robert de Blosset!  O local dos irmãos Blosset era conhecido como Porto Francês no Porto Meira ou talvez mais para cima no rio Iguaçu entre o Remanso Grande e o rio São João. Os Blosset tinham status de comerciantes residentes e estabelecidos na Colônia Militar já que possuíam negócios físicos como uma Casa de farinha e um alambique, plantavam cana e madioca. 

O chefe da Mesa de Renda (receita estadual) na Colônia Militar elogiou os empreendimentos Blosset quando comparados com outros "colonos" mais especulativos. Os irmãos Blosset, fato não muito conhecido, também tinham um comércio na sua obraje e entre os clientes estava a Colônia Militar. Digo isso porque há um decreto de 1905 pelo qual o Governo autoriza um crédito especial para que a Colônia Militar pague aos irmãos Blosset por produtos fornecidos. 

O decreto que autoriza pagamento aos irmãos Blosset

Mas tem ainda três tópicos nesta pequena nota sobre os irmãos Blosset que ainda quero trazer à tona.  Primeiro, na mesma área ou próximo à ela, onde estavam os negócios Blosset aparece um outro nome ligado à obraje.  É alguém chamado Ivan Poujade. Poujade trabalharia com os Blosset ou os Blosset trabalhariam com Poujade em alguma parceria? Poujade é um sobrenome francês o que parece assentar bem com o nome do Porto Francês que começa a parecer com uma  uma mini colônia francesa na região do Porto Meira.  

O autor do Plano Gráfico dos Grandes Saltos do Iguaçu, um suíço, diz que foi ajudado por Poujade para encontrar a picada que levaria às Cataratas. Uma picada para peões da erva mate e da madeira. Isso é interessante. Será esta a mesma picada ervaterira que Edmundo de Barros franqueou aos componentes da expedição que trouxe entre outros a Senhora Victória Aguirre Anchorena?

O segundo tópico é Joseph Blosset como cônsul da França em Posadas  além disso foi prefeito comissionado da minúscula Posadas entre entre 1900 e 1904. Foi responsável por trazer eletricidade para a cidade. Quando Joseph Blosset era prefeito em Posadas ele já tinha negócios no Porto Francês, Foz Colônia Militar. A dica para a afirmação é aquele Decreto 1.359 do presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves foi assinado em julho de 1905.  

Na história de Posadas o nome de Joseph Blosset foi eternizado em um bairro  chamado Villa Blosset cujo aniversário de 120 anos foi celebrado com o laçamento de um livro. . Cheguei a perambular nele quando ninguém sonhava que um dia haveria Yacyretá, a hidrelétrica.  No princípio um bairro de baixa renda que sobreviveu até ser transferido para áreas mais altas da cidade antes da inundação da parte baixa pelas águas da Usina. Hoje, Villa Blosset continua lá só que já não tão baixa renda. 

O terceiro tópico é quem desenhou o mapa / Plano dos Grandes Saltos do Iguaçu? Resposta: Louis de Broccard, um suíço de fala francesa nascido em 8 de maio de 1866 em Friburg (Fribourg), Suíça. Chegou em Buenos Aires em 1889 trabalhou em uma fábrica e foi taxidermista para o Museu Nacional, já que eleera bom nisso.  Mais tarde realizou várias viagens e expedições já deciado à fotografia. Em uma dessas expedições ele passou pelas Três Fronteiras histórica. Graças a esta expedição temos hoje um grande legado fotográfico. 

O material se encontra no livro "Louis de Boccard: Um fotógrafo suíço na Tríplice Fronteira 1889-1956” de autoria de André Heráclio do Rêgo e Rubén Capdevila com o apoio da Embaixada Brasileira em Assunção, Itaipu Binacional, Museo del Barro, Museo Hrisuk e Biblioteca Nacional Paraguai. Louis de Broccard morreu ma cidade de Areguá, Departamento Central Paraguai, em 30 de abril de 1956.

Consulte seu livreiro ou seja a Livraria Kunda em para quem é de Foz. Uma versão bilingue em pdf está AQUI 

 
     


Jules-Joseph (José) Robert de Blosset

José y Ramón Robert de Blosset

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Conheci a lojinha de produtos venezuelanos na Vila Borges

i
 


 Meilin Ojeda e a família tocam o pequeno mais bem surtido empreendimento. Virei freguês


Foz do Iguaçu a terra das mais de 40, 50, 70  etnias. Na verdade o número aumentou e já passamos de 90. Segundo estudo do Yglota entre 2010 e 2022, Foz recebeu 14.574 imigrantes estrangeiros entre eles 1.668 venezuelanos.  De acrdo com o idealizador do estudo, Otto Mendonça, do Yglota e fundador do Club Poliglota de Foz do Iguaçu, os venezuelanos já são a segunda maior comunidade em Foz logo abaixo dos paraguaios  que tem 7.254  membros e acima dos argentinos com 1.224 pessoas. 

Nas minhas pedaladas de triciclo reclinado garimpando informações e encontrando pessoas, fiquei muito contente em descobrir uma pequena lojinha, tipo mercadinho, com produtos venezuelanos, na Rua Júlio Delamare. 

Comentei na postagem daquele domingo que iria voltar para ver se a lojinha estava aberta e se continuava firme. Voltei à lojnha hoje (20 de 08) e tive o prazer de encontrar a lojinha aberta e me deparar com um banner da Harina / Farinha P.A.N. - escrita com pontinhos após as letras, com o dizer "La Consentida de Venezuela", algo como "A Mimada" da Venezuela no sentido de ser "a queredinha" do país vizinho. A farinha é uma espécie de passaporte para um das comidas mais famosoas desta nossa América do Sul: Colômbia, Venezuela e Panamá   

Conversei com a Meilin Ojeda, da família empreendedora. Parabenizei a ela pela ideia e disse que logo a lojnha será um mercado étnico e temático cujo céu será o limite. A farinha é o grande destaque  e a Meilin comprovou isso sendo a garota propaganda da casa. Há outros produtos venezuelanos. Volateri ao assunto e possivelmente a arepa será o destaque. Deixo as fotos, por enquanto:    















quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Segunda Pedalada em Triciclo em Foz do Iguaçu - Área Rural

Registro: Data 15.08. 2025
Ainda não consegui manusear o app que registra a quilometragem
Mais uma pedalada de triciclo reclinado que rendeu muitas fotos e vídeos. Serão utilizados no seu tempo. Comecei fotografando alguns aviões que se aproximavam para pouco no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu - Cataratas. 

Um deles o jato do GEIV, foto aaixo com link para uma nota do H2Foz. Não planejei entrar na área rural em transição e em obras. Terminei fazendo muito mais do que esperava. O Trajeto foi grande. Guardo a recordação de ter explorado o Recanto dos Pàssaros, uma mini parque mantido pela comunidade. Lá, encontrei a Guarda Municipal em ronnda e convesamos muito sobre meio ambiente e projetos. Descobri que o espaço foi idealizado por um hoteleiro de Foz do Iguaçu. Vou pesquisar e depoois conto. 

Obrigado Jussier Silva, Subinspetor e ex-secretário municipal de Segurança pelo encontro e conversa (ver última foto). Agradecimento extensisvo ao companheiro da equipe que me falhou o profsissionalismo ao não anotar o nome. Os dois me falaram sobre um projeto muito bonito. Logo conto Deixo as fotos.   

 

PR-TYJ da LATAM chegando

Dá para ler a identificação do avião na cauda: GEIV - Grupo Especial de Inspeção em Voo

A Missão é a homologação do prolongamento da pista de pousos e decolagens. Concluído em 2021, o trecho adicional tem cerca de 660 Ver mais no H2Foz


Foz do Iguaçu vista desde um terrreno ainda baldio no Panorama

Mangueiras em flor no Recanto dos Pássaros

Recanto dos Pássaros




Hotel Interludium visto de longe com ipês floridos como pano de fundo 




Obras da Perimetral 

Viaduto no Cognópolis - Avenida Felipe Wandscheer





Desvio








Viaduto da Felipe Wandscheer à distância





Equipe da GM em patrulha conheceu meu veículo de exploração da cidade (Reprodução)