quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

De onde vieram as terras do Parque Nacional do Iguaçu? Segunda Parte


Havia uma empresa nacional chamada Brazil Railway Company, assim mesmo, muitas empresas tinham nomes em inglês. Esta pertencia ao norte-americano Percival Farquhar. 

A empresa de Farquhar era proprietária ou detinha o controle das estradas de ferro: Sorocabana, Madeira-Mamoré, EF Paraná, EF Dona Teresa Cristina, EFNorte do Paraná, EF São Paulo-Rio Grande, EF Vitória a Minas, EF Paulista S/A, Mogiana, Companhie Auxiliaire des Chémins de Fer au Brésil além decontrolar os Bondes de Salvador, São Paulo, Belém e Rio Grande. Para coroar o portfólio, possuía ainda a Southern Brazil Lumber & Colonization Company – uma madeireira e serraria com um braço imobiliário dedicado à colonização com sede no que hoje é Três Barras (SC).  

Para lembrar, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré é aquela que partia da atual Porto Velho, Rondônia, às margens do rio Madeira até Guajará Mirim, na beira do rio Mamoré na fronteira com a Bolívia. Era uma linha férrea brasileira construída para escoar a produção de borracha da Bolívia. A estrada foi parte do acordo e do pagamento pela “compra do Acre”. A partir da inauguração da estrada de ferro apelidada Mad Maria, a Bolívia teria acesso aos portos de Manaus, Belém e por fim aos mercados mundiais. Há dois fatos a lembrar sobre a Mad Maria. Primeiro, morreu muita gente. Dizem que para cada dormente colocado no lugar, morria um homem. Segundo, a estrada foi concluída, foi inaugurada mas não serviu para nada. 

O comércio da borracha implodiu graças um ato de biopirataria perpetrado por Sir Henry Alexander Wickham que roubou 70.000 sementes de seringueira na região de Santarém (PA) em 1876. As sementes roubadas chegaram às possessões britânicas na Ásia como Malásia e acabaram com o monopólio da borracha do Brasil, Bolívia e Per. Um baque econômico para as grandes cidades da Amazônia: Manaus (AM), Belém (PA), Rio Branco (AC) no Brasil e Iquitos no Peru. Foi o fim da bonanza e dos barões da borracha. Foi um dos primeiros golpes do império de Farquhar. 

Três anos mais tarde, em 1908 a empresa de Farquhar, adquire o controle da Brazil Railway Company e toca a obra iniciada por Teixeira Soares entrando no Rio Grande do Sul em 1910. Como parte do pagamento, o Brasil doou entre 9 e 15 quilômetros nos dois lados da ferrovia para a empresa de Percival Farquhar com direito a, incialmente, explorar a madeira dos dois lados e depois promover a colonização. O número de trabalhadores empregados na construção passou dos oito mil. 

(Para a Terceira Parte)

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